Nasceu no
Seringal Bom Futuro (à margem direita do Rio Madeira), localizado em Manicoré-AM,
a 31.05.1908, filho de Raimundo Alves e d. Zulmira Marques Cabral Alves, ambos
paraenses mas proprietários de seringais naquele Estado. Pertenciam à chamada
"aristocracia da borracha"1, cuja vertiginosa derrocada econômica ocorreu quando Luiz Ma
ria era,
ainda, praticamente criança, pelo que cedo viu - se compelido a trabalhar para
prover o sustento da família . Foi no Pará, aliás, que se iniciou, tanto no
trabalho como na formação escolar. Empregou - se num escritório, em Belém, e,
depois, com 14 anos de idade, na firma telegráfica Western, onde pretendera ser
estafeta mas, submetido a teste, foi contratado como praticante de telegrafia
(1922), função que só mais tarde entenderia ser superior àquela. Cursou o
Colégio Nossa Senhora de Nazaré, também naquela cidade, estabelecimento da
Congregação dos Irmãos Maristas, e conseguiu aprovação nos exames vestibulares
para as faculdades de Agronomia e Odontologia, renunciando a ambas, contudo,
face à indisponibilidade de tempo. Assumira funções mais importantes, então, na
Western Telegraph Company, empresa que contou com o seu concurso quando da
implantação da estação em Natal (fevereiro, 1939), pó ucos dias após sua
chegada a esta Capital, onde deveria permanecer por dois anos. Foi ficando,
porém; fez amigos, apegou-se à cidade simples e ordeira. Anos mais tarde
ingressaria nos Diários Associados, a princípio cingindo-se à tradução de
textos em inglês, oriundos da AP-Associated Press (abril, 1945). Ao final
daquele ano o jornal "O Diário" (só passaria a denominar-se
"Diário de Natal" a 03.03.1947, conforme registra Manoel Rodrigues de
Melo no Dicionário da Imprensa no Rio Grande do Norte, 1909-1987, p. 119)
encerrou o contrato com a AP e firmou acordo com a United Press International -
UPI, cujas informações já chegavam traduzidas para o português. Certamente
seria dispensado –pensou –, e adiantou-se, procurando o diretor (Edilson Cid Varela)
que, afinal, o contratou como repórter. O país entrava no período de
redemocratização, com a queda de Getúlio Vargas e a realização de eleições, e
ele foi cobrir a política diretamente no TRE, logo em seguida inaugurando uma
coluna, "As Fofocas dos Corredores do Tribunal", com repercussão
positiva. Também foi inovador no jornalismo policial, segundo aquele
pesquisador: "A entrada do jornalista Luiz Maria Alves para o quadro de
repórteres do Diário de Natal iria marcar um grande impulso na cobertura local
e, notadamente, na cobertura de assuntos policiais, onde o hoje superintendente
associado revelou-se um pioneiro capaz de mudar a história do jornalismo de
reportagem e da cobertura de vários acontecimentos policiais que abalaram a
opinião pública" (op. cit., p. 120). Com efeito, assumira a direção do
Diário de Natal (1958), inclusive num momento de crise: "Quando assumi,
verifiquei que a receita bruta do Diário de Natal e da Rádio Poti era inferior à
rubrica de salários. Apontei: o mal está aqui! (ALVES, Luiz Maria. De
Telegrafista da Western a Diretor de Jornal. Diário de Natal, 27 nov. 1984).
Com a empresa quase falida –
além da
exorbitante folha de pagamento,era sistematicamente pressionada pelos bancos,
face a inúmeros títulos vencidos – , passou de imediato à ação: demitiu dezenas
de funcionários , restringiu a circulação de um dos jornais ("O
Poti", à época matutino de circulação diária, tornou-se semanal) e
continuou com o mais antigo, o "Diário de Natal", e disponibilizou as
próprias economias a fim de saldar algumas das primeiras indenizações. Consta
que reestruturou toda a organização, modernizando-a, agilizando os setores
comercial, de reportagens e de distribuição. Foi Luiz Maria quem primeiro
implantou na região o sistema de impressão em off-set (junho, 1970), bem como,
posteriormente, foi também pioneiro – dentre os jornais do Estado – na
instalação de um setor de documentação (microfilmagem, indexação e preservação
da memória estadual). Dentre os títulos e medalhas com que foi agraciado,
destacam-se: Medalha do Mérito "Jornalista Assis Chateaubriand"
(Instituto Histórico e Geográfico do DF, Brasília, 1968); Medalha do Mérito
"Santos Dumont" (Ministério da Aeronáutica, Brasília, 1983); Medalha
do "Pacificador" (Ministério do Exército, Brasília, 1983; Comenda do
Mérito "Tavares de Lira"
(Prefeitura
Municipal de Macaíba, 1984); Medalha Chanceler do Mérito "Presidente Café
Filho" (1985); Ordem do Mérito do Estado do Rio Grande do Norte (Governo
do Estado) e Ordem do Mérito Cultural do Rio Grande do Norte (Fundação José
Augusto/Governo do Estado, 1987). Recebeu, ainda, títulos de cidadania das
Câmaras Municipais de Natal, Macaíba, Mossoró, Areia Branca, Eduardo Gomes e
Currais Novos, e da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte.
Integrava o Conselho Estadual de Cultura e era Sócio Efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. As honras que lhe foram
prestadas, certamente, mereceu: foi um dos baluartes da imprensa local. Faleceu
em 19 de abril de 1995. Av. Hermes da Fonseca,
N°407 - 1° Andar - Mercado Público de Petrópolis - Natal - RN
FONTE -0 FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO
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